quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Segundo encontro entre sindicatos e Marfrig não apresenta avanço significativo

Marfrig apresentou proposta abaixo da inflação na segunda reunião entre as partes

      Mais uma vez os representantes de sindicatos de trabalhadores nas indústrias de alimentação de Bage, Alegrete, Pelotas e São Gabriel saíram frustrados de uma rodada de negociações com representantes do Marfrig Group. O encontro ocorreu na Sala de Apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins - Sul (CNTA-Sul), em Porto Alegre. A data-base dos trabalhadores do Marfrig é 1º de fevereiro.
      Desta vez os representantes do frigorífico apresentaram uma proposta de reajuste salarial de 5% - índice abaixo da inflação no período de 12 meses (de fevereiro/2016 a janeiro/2017), que ficou em 5,44%. Entretanto, há um agravante. O piso normativo da categoria é vinculado ao Piso Mínimo Regional de salários. A proposta de reajuste do Piso Regional, encaminhada à Assembleia Legislativa, ainda não foi votada. O percentual é de 6,48% - as centrais sindicais exigem 10,45%, o que inclui a reposição da inflação e aumento real. Não há previsão para a votação do Piso Regional no parlamento gaúcho.
      O Marfrig reforçou a ideia de retirar direitos dos trabalhadores - alguns itens já constam nos acordos há mais de 20 anos, como o adicional noturno. Outra ideia da empresa é cobrar pelo transporte dos trabalhadores até a fábrica e vice-versa (que hoje é gratuito) e retirar o pagamento dos 30 minutos para troca de uniforme, entre outros. "Só quem pode decidir a retirada de direitos e de conquistas é o trabalhador. Se for necessário, realizaremos uma assembleia e iremos ouvir os empregados, mas o sindicato não vai ficar com este peso de decidir pela retirada de conquistas, só o trabalhador pode dizer se aceita ou não", destaca o presidente do Sindicato de Bagé, Luiz Carlos Cabral.
Clima favorável
      O presidente do STIA/Bagé enfatiza que as análises de mercado apontam um crescimento do setor frigorífico para 2017 e, maior ainda, para 2018. O consultor e Diretor-fundador da Scot Consultoria, Alcides Torres, haverá uma virada de ciclo importante, embora com limitações de oferta. Mas a demanda pela carne brasileira é crescente, tanto no mercado interno quanto externo, com a abertura de mercados como Estados Unidos, China e Egito, devem continuar colaborando para o bom desempenho dos embarques no ano que vem. “Esses novos mercados dão potencial para que o Brasil expandir suas exportações e, vale ressaltar que pagam mais pela carne”, lembra Torres. 
      Cabral lamenta que o Marfrig não leve em conta esse tipo de análise nas negociações. "O clima está favorável, reforçamos que estão sobrando bois no campo e os abates continuam a todo vapor", pondera o líder sindical. "O grande problema é o monopólio do setor frigorífico, onde a intenção é explorar todo mundo, desde o produtor rural, que cuida dos bois, até o trabalhador da indústrias, que tem em suas costas a exigência e a pressão por produzir cada vez mais, sem ter o reconhecimento salarial e de seus direitos no momento da negociação", frisa o presidente.
      A retirada de direitos, na avaliação de Cabral, é reflexo de uma condução desastrosa para os trabalhadores em nível federal. "Vemos o governo Temer querer mexer em itens como a Previdência e as Leis Trabalhistas não para agregar algo de positivo, só para reforçar o caixa do próprio governo e fazer com que o trabalhador pague pela irresponsabilidade dos governos ao longo das últimas décadas", afirma o líder sindical. "Isso se reflete no comportamento da empresa, que acaba explorando o trabalhador porque o exemplo que vem de cima é esse", complementa Cabral. 


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